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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Barra do Garças: uma cidade mato-grossense ou goiana? (Parte 1)

Por Giovanna Rosti Vicentine *

Recomendação: leia esse texto escutando a música Beira-mar, composta e interpretada por Zé Ramalho.

Nada mais justo que o primeiro post do blog  seja In Raízes sobre a cidade que conquistou o coração de muitos migrantes e que hoje já se  sentem como filhos e filhas desta terra rica culturalmente.

Muitas dessas pessoas vieram atraídos pelo diploma de nível superior no novo campus da Universidade Federal de Mato Grosso,  localizado na cidade. Barra do Garças, como o próprio nome já diz fica na “barra” do rio Garças, que tem seu encontro com o rio Araguaia na própria cidade. Uma única ponte é o que separa Barra do Garças do Estado de Goiás; por isso tão forte influência goiana.  



As características de cidade interiorana mostram algo perceptível até ao olhar mais desatento. A recepção calorosa, a prosa de quem sempre tem uma história para contar da cidade, e o cafezinho pronto para ser coado quando a visita de longe chegar para conhecer os rios que cortam a cidade, as onze cachoeiras, as águas termais que brotam desse solo sagrado, que, estampa sua fé em uma das serras mais altas da cidade: o Cristo, de braços abertos, ilumina e abençoa quem por ali passa.   



A cidade que os forasteiros escolheram para ser sua segunda casa gera dúvida quando se trata do Estado a que pertence. Eles dizem que são  “ registrados em cartório” como mato-grossenses, mas seu  coração é totalmente goiano: nas músicas, na culinária, na vestimenta e até mesmo no horário; sim, Barra não segue o fuso horário mato-grossense, mas sim o horário de Brasília. Assim como Goiás.

Apesar do crescimento rápido que a cidade vem apresentando nos últimos anos, a vida noturna agitada pelos turistas que lotam a cidade na temporada em que rios baixam formando praias e o grande número de jovens universitários, a pacatez da cidade parece resistir e agradar. O jeito sertanejo de levar a vida é cultivado pelos mais velhos e semeado para que os jovens continuem seguindo tais costumes, que representam tão bem esse cantinho do Brasil.
  

Quem vem aqui pela primeira vez pode ser convidada para almoçar na casa de uma família tradicional em Barra do Garças e o prato que será  servido provavelmente é o "frango com pequi", muito tradicional da região, marca registrada da cozinha mato-grossense/goiana. E aí vai a receita: 
Imagem e receita: Cozinha da Matilde

Frango caipira com pequi 

Ingredientes

  • 1 frango caipira
  • 1 cebola (cubos mínimos)
  • 1 colheres (sopa) de óleo
  • 4 dentes de alho (cubos mínimos)
  • + ou – 15 caroços de pequi pré cozidos em água por aprox. 20 minutos (reserve a água do cozimento).
  • 8 tomates bem maduros partidos em 4
  • 5 pimentas bode
  • Salsinha picadinha (separe os talos picadinhos também)
  • Sal a gosto.


 Modo de fazer

Sue a cebola no óleo com uma colher (sobremesa) de sal. Acrescente duas pimentas bode partidas ao meio e os talos da salsinha. Junte o alho.

Junte os pedaços de frango até que dourem. Quando começarem a grudar na panela, acrescente dois copos de água e com o auxílio de uma colher limpe o fundo da panela, roubando toda a cor que se acumulou ali para a carne do frango. Deixe reduzir o líquido e quando a carne estiver grudando novamente acrescente mais 2 copos de água e assim sucessivamente. Repita este processo 6 vezes.

Provavelmente neste momento o frango já pegou uma cor incrível e de quebra todo o sabor dos aromáticos.

Hora de tomates e pequis irem para a panela. Refogue bem e então acrescente a água do cozimento do pequi até um pouco mais da metade da panela (se for necessário complete com água pura). Junte as pimentas restantes, tampe a panela e deixe cozinhar por aproximadamente 30 minutos.

O resultado deve ser um caldo grosso, marrom avermelhado… se for necessário destampe a panela e deixe reduzir o caldo mais um pouco. Ajuste o sal.

Polvilhe com a salsinha picada, sirva com angu, saladinha de alface e arroz branco…  e se for do seu agrado também vai bem acompanhado por um refogadinho de guariroba ou quiabo.


As festas culturais tão bem organizadas, as crenças, os costumes que marcam forte presença no modo de viver dos nativos enche os olhos de quem visita. O dialeto e o sotaque tão característico que funde diversas culturas e línguas, tudo relacionado com cultura por aqui encanta muito. A frase sempre proferida tem grande fundo de verdade: “Quem bebe da água do rio Araguaia nunca mais se esquece dessa terra!”.


Giovanna Rosti Vicentine é uma "Foca do Araguaia", aluna do 3º semestre de Jornalismo da UFMT Araguaia. Criou o blog In Raízes, na disciplina Webjornalismo, para escrever sobre culturas regionais.

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